Festa em casa (em tempos de crise): o retorno da velha maneira de comemorar!


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Sustentabilidade, economia e desperdício: o que isso tem a ver com organizar uma festa em casa ou no salão de festas????

Tudo!!! Analisem comigo… Nós brasileiros temos o hábito de exagerar em tudo e principalmente quando recebemos convidados em casa. Um dos temas que quero abordar aqui é o de não exagerar na quantidade de comida, de bebida e, consequentemente, utensílios plásticos. Esses três itens estão interligados.

O propósito deste texto é ajudar as mães das crianças, das adolescentes, e também aos pais quanto ao churrasco, as noivas e as mães das noivas a organizarem suas festas, sejam elas em casa, no salão de festas ou até ao contratar os serviços para comemorar as datas mais importantes.

Sei, sei, que vc já deve ter visto “Como organizar uma festa em casa”, mas dificilmente alguém deve ter contado que vc não precisa exagerar nas encomendas de doces, salgados e bolos.

Você deve estar se perguntando… “Como assim, você que vive de vender doces e bolos e está dizendo que é exagero??? Sempre encomendei e todas as doceiras falam para encomendar mais porque pode faltar…”

Eu enxergo isso como uma prática ultrapassada, é da época em que não existiam redes sociais e nem facilidade de chegar aos lugares, não existiam tantos shoppings, tantos cinemas e a “única” diversão era a festa para a qual foi convidada/o. As mulheres não tinham revistas de dietas que ensinam a não comer carboidrato, gordura e açúcares.

Nos dias atuais as mulheres “vivem” de dieta ou de “merchandising” de dieta, as crianças têm muito mais brinquedos para dar atenção, tem a piscina de bolinha, o brinquedão, oficinas de docinhos e os homens bebem mais também, e acabam não querendo comer o doce servido.

Por que 10% dos meus convidados não comparecem???

Outro ponto para prestar atenção, as pessoas têm muito mais compromissos também, então, a chance de, pelo menos, 10% dos convidados não comparecer já é quase comprovado. Preste atenção e busque no fundo da memória:

VOCÊ foi a todas as festas que te convidaram?
TODAS as pessoas que vc convidou nos últimos anos foram a sua festa?

Antigamente, as pessoas não tinham a mesma quantidade de compromissos (não trabalhavam tanto a noite e aos fins de semana) e não tinha tantas opções de entretenimento, as crianças não tinham buffets com brinquedos para não ligarem para a fome. Só se concentravam em ir à festa e comer, conversar, comer e dançar. E iam TODAS as pessoas convidadas e levavam mais alguns “bicos”.

Vamos a alguns exemplos:

Recentemente ofereci um jantar em casa e convidei 10 pessoas, adivinhem? Duas pessoas não foram, ou seja, 20%.

Um dia desses, fui convidada para duas festas de aniversário que seriam na mesma data e horário, só que cada um num canto da cidade, ou seja, difícil dividir o tempo entre as duas. O que aconteceu? Tive que fazer opção, isso quer dizer que, em uma delas, eu estive dentro dos 10% estimados.

Por que não devo encomendar a mais do que a quantidade de pessoas convidadas?

Um terceiro ponto é a nossa conscientização em não desperdiçar alimentos. Em momentos de reciclagem; milhares de pessoas passando fome; a luta pelo não consumismo exacerbado, etc. Bom, eu poderia ficar aqui falando vários itens, mas o que eu quero dizer é que NÃO precisamos exagerar nas quantidades.

O que, geralmente, fazemos? Convidamos 50 pessoas para uma festa e encomendamos para 100. O que acontece no fim da festa? Pratinhos deixados em cima da mesa com sobras de salgadinhos, pedaços de bolo deixados pela metade, latas de cervejas cheias, copos com refrigerantes cheios porque as crianças nem tomaram para ir brincar.

Agora, depois desses itens, eu te pergunto: precisa realmente encomendar para o dobro de pessoas???

Numa daquelas festas que eu fui, a mãe da criança, que é minha amiga/irmã, convidou 50 pessoas, então, ela sem dúvida encomendou um bolo para 60 pessoas, comprou 100 pães para servir com carne louca, 500 salgadinhos, quase mil docinhos e um bolo de 8 kg…

Conclusão: Foram 30 pessoas, sobraram 70 pães, 200 salgadinhos, 4 kg de bolos, 300 docinhos… quase outra festa. Se ela não tivesse exagerado teria economizado dinheiro, tempo e não teria sobrado tantos alimentos.

Eu também já exagerei! Quando a minha filha completou 6 anos, também encomendei muita coisa. Aluguei uma escolinha, convidei muita gente, entre família e amigos. Fui numa padaria sofisticada do meu bairro e encomendei algumas baguetes. Eles não tinham um modelo para eu ver e achei que fosse igual àquelas que compramos no mercado, sabe? E não tive dúvida, encomendei 20 baguetes porque queria fazer lanches de metro. Comprei outros tipos de pães também porque afinal de contas, era a Festa do Sanduíche.

No dia da festa a padaria foi entregar os pães encomendados e para a minha surpresa chegaram as baguetes (lembra que eu não vi o tamanho??). Cada baguete tinha literalmente um metro, ou seja, só de lanche eu tinha 20 metros!!! E elas não eram só compridas, mas altas.

Óbvio que sobrou horrores de baguetes e saí distribuindo para os meus primos, minha mãe, minhas irmãs, minha sogra…

Está com dinheiro sobrando para jogar no lixo? Joga no meu, então…rs…

O quarto e último ponto, e diria, nos tempos atuais, o mais importante: o dinheiro extra jogado literalmente no lixo. Não quero que ninguém seja mesquinha ou ranzinza, mas vamos, venhamos e convenhamos que você não faz festa para os convidados levarem marmita para casa, né?

O que devemos fazer:

Calcular o quanto pode servir de cada item. Faça um exemplo para você. O quanto você consegue comer: 6 coxinhas, 6 esfihas, 6 quibes, 6 empadas, 600 ml de líquido, uma prato de salada, 200 g de bolo, 8 brigadeiros, 8 beijinhos, 8 bichos de pé, 2 xícaras de café e dois pedaços de torta num prazo de 4 horas???

Sugiro que vá a essas docerias que vendem salgados por unidade e compre para você essa quantidade e veja como você come. No primeiro momento comerá metade de tudo porque está com fome. Deixe ali na sua mesa para ver o quanto come de tudo isso. E perceba o quanto sobra. É essa quantidade de comida que seria servido para cada convidado.

Ahhhh… Se tiver mais gente em casa, compre essa quantidade para cada pessoa e cada um come o seu kit. O que sobrar é o que deve ser descontado na sua lista de quantidade de alimentos.

Claro que nem todos comerão igualmente. Sempre haverá um convidado que come bem pouquinho, outro que come muito, então daí você consegue tirar uma média.

Beijos e boa festa!

 

Semana Mesa SP 2015 – Mesa Tendências – “A nova gastronomia: compartilhando inovação, conhecimento e paixão”

Esse ano, 2015, participei novamente do Evento Semana Mesa SP, um evento voltado para os estudantes, os profissionais e para os amantes de gastronomia. A grande mudança deste ano foi o local de realização, Centro de São Paulo, no prédio novíssimo da ETEC Santa Efigênia. Super fácil de chegar, perto de metrô e assim pude ficar até o fim no último dia. 😀

cracha

PS: O nome do blog é DELICIANDO.

São três dias intensos de muita coisa nova, entende-se o porquê de cada uma também e, acima de tudo, aprende-se como interagir com a nossa gastronomia… isso mesmo a nossa gastronomia BRASILEIRA!!!

A riqueza de palestras é encantadora! Pena que não dá tempo de assistir tuuuudo, mas fiz uma seleção das quais consegui participar e relatarei um resumo delas.

No primeiro dia assisti a palestra do Chef Thiago Castanho e o Sr. Chicão, pai. Falaram sobre “Compartilhando raízes, herança e amor: a história de vida e fogão da família Castanho na cozinha do Pará”.

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O Sr. Chicão começou a trabalhar com comida após sofrer um assalto. O desespero de conseguir dinheiro para sustentar os filhos o fez começar a cozinhar para os amigos e assim foi começo de uma pizzaria. E hoje a família tem dois restaurantes: O Remanso do Bosque, comandados pelo Thiago e seu irmão Felipe; e, o Remanso do Peixe. Que segundo o Sr. Chicão, no primeiro tem gastronomia e no segundo, comida em abundância.”

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Thiago ficou bem emocionado ao relembrar toda a história de dificuldades e momentos gloriosos ao lado do pai.

Também assisti nesse dia uma aula no Mesa ao Vivo, mas essa falarei no outro post. Falarei aqui por etapas porque é evento é dividido em vários setores: Mesa Tendências, Mesa ao Vivo, Farofa, Mesa na Cidade e Mesa Aposta.

Errr…. não fui no segundo dia… 🙁

No terceiro dia a primeira palestra que assisti foi a da Chef Tereza Paim que tinha como tema “A nova cozinha baiana: a comida de um povo partilhada com todos os santos”.

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Foi uma palestra rica em detalhes. Tereza que é uma grande conhecedora e praticante da religião nos contou como é cada comida que um determinado santo aceita em suas oferendas.

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E para nossa sorte, pudemos degustar o abará e o acarajé. Deliciosamente deliciosos!

abara

Entre uma palestra e outra teve os “Pop-UP”, apresentações curtinhas de 15 minutos.

A Marie-France e sua equipe do restaurante La Casserole apresentaram sobre “Hospitalidade e a classe de flambar”

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Ela ressaltou a hospitalidade dada ao cliente e a importância de ter uma equipe de salão bem treinada e, engajada em entender o que o cliente quer para que a equipe da cozinha atenda as necessidades desse cliente.

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E o seu funcionário Carlão demonstrou como flambar um crepe suzette.

A próxima palestra foi da premiada Lia Quinderé o seu tema foi “Mulheres roceiras, da dureza à doçura”!

Contou sobre a sua experiência num projeto onde ajuda mulheres roceiras a transformar seus sonhos em doces. Sua interação ocorre uma vez por mês, pelo menos, para que possa ensinar técnicas para aproveitarem ao máximo suas frutas e frutos. Lia, disse que uma das técnicas ensinadas foi como obter pectina das frutas, e assim, as doceiras puderam extrair sua própria pectina e fazer doces de goiabas maravilhosos (sim, degustamos tb!). De fato, é um doce de goiaba com ponto excelente sem usar tanto açúcar. Um doce de goiaba com gosto da fruta.

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E a minha última palestra foi a dos Chefs Ana Luiza Trajano, Fábio Vieira e Flávia Quaresma, o tema era “Maria Isabel: poder transformador da gastronomia”. A Chef Ana Luiza discorreu sobre Festival Maria Isabel, que ocorreu no Piauí.

Sabe o que é Maria Isabel??? É um prato típico do Piauí, feito com arroz, carne de sol e oleo de babaçu.

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Falou sobre a importância da sua pesquisa, viajando pelo interior no país para descobrir as nossas frutas e nos produtos nacionais que pouco valorizamos e lançamento do seu livro Brasil a Gosto.

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No final da palestra recebemos uma caixa de bombons que ela lançou em parceira com a Cacau Show que chama Gostos do Brasil.

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Bombons recheados com ganaches de chocolate e geleias de umbu, maracujá da caatinga e bergamota.

Quem me conhece sabe o quanto sou chata para chocolates e essa coleção está aprovadíssima! Um mais delicioso que o outro. O chocolate derrete na boca e em seguida mistura com a geleia. Perfeito!

E depois de todas essas informações a qual conclusão chegamos?? Que temos que acordar e valorizar o que é nosso, do nosso país!!

Isso é simples de entender. Veja: quando o turista vem para o Brasil o que ele quer comer é comida brasileira, né? Não faz o menor sentido, pelo menos, para mim nunca fez, um francês vir para cá para comer comida francesa, né? Vamos combinar que no país dele deve ser muito mais gostoso.

Em grandes hotéis eles servem comida internacional!! Oi??? O certo não seria servir comida brasileira??

Vamos aceitar/descobrir nossos ingredientes!! Afinal, quando recebemos uma visita em casa, não usamos os ingredientes da casa da sua convidada, né?